sábado, abril 15, 2006

PALAVRAS À FAMÍLIA DE CÍNTIA

( Aluna do terceiro ano da Escola Santos Dumont, desencarnada há 2 semans, no dia em que procurou a diretora para um trabalho com as mães pobres e para formar um grupo de oração)

Quero transmitir a todos aqui presentes o grande momento que Deus me proporcionou ontem, dia da partida para o Mundo Maior de nossa Cíntia. Procurada por ela e seu colega Lucivan, ambos solicitaram a minha participação na campanha de ajuda , no próximo dia das Mães, ás mães da Favela da Linha, Seu olhar cândido parecia exultar de alegria quando, além de aderir, solicitei dela e de seu amiguinho que me ajudassem a organizar na escola um Grupo Ecumênico de Oração, ao que ela concordou imediatamente e com um semblante de grande alegria e esperança.
Eu falei para ela: - bonito este gesto de solidariedade, parabéns!
10h da manhã a manifestação de um sonho Às 15h, a perplexidade ante a notícia de sua despedida.
Jamais me esquecerei de sua imagem angelical, terna e solícita. Hoje, considerem fundado o Grupo Ecumênico de Oração do Colégio Santos Dumont, que se intitulará Grupo Ecumênico de Oração Cintia.

Querida Inês e querida Livia
Neste momento tão difícil que é o de devolver um filho ao nosso verdadeiro Pai,
fato que vivenciei com muita dor, ao ver partir um filho também com 17 anos, quero repetir essas palavras que trazem em sua essência, o verdadeiro sentido da vida:

“Perante a nossa morte, para quem estamos nós mortos?
Como vê Deus a morte?
Jesus diz ser o Senhor dos vivos, não dos mortos
Para Deus e para Jesus Cristo, seus filhos não morrem..
Para quem, então, estão os mortos, mortos? Para muitos de nós! E por quê? Porque nós, os vivos, ainda estamos “presos” à corrente do tempo. Para nós, os mortos estão mortos, porque foram removidos do espaço - tempo. Agora não podem ser encontrados neste universo físico.
. Eles não estão mortos para Deus, que é o Alfa e o Omega, que sabe o fim desde princípio, liberto da Sua criação do espaço e do tempo. Não obstante, para nós estão mortos, porque nós ainda estamos neste universo até à nossa libertação para o mundo eterno e infinito onde vive o nosso Pai.” Tony Goudie

É hora de nos curvar à majestade da lei divina e orar.
A prece é perfume de flor que se eleva e funde abraços e beijos, à saudade e ao amor.
Para os nossos afetos que partiram para o mundo espiritual, a melhor conduta é a lembrança das suas virtudes, dos seus atos bons, dos momentos de alegria juntos vividos. É a prece que lhes refrigera a alma e lhes fala dos nossos sentimentos.
"A morte é a mudança completa de casa sem mudança essencial da pessoa".
( Chico Xavier)

O que parte rumo à jornada do invisível deixa atrás de si um tsunami de belas e preciosas imagens, de frases que marcaram dias ensolarados, de sorrisos francos e tão espontâneos de quem era jovem demais para morrer.
Disse um poeta : “ Ainda estou catando os pedaços do coração para refazer aquele momento, ocorrido há mais de 2.000 anos, quando Maria recebe em seu colo o corpo sem vida de seu filho Jesus, recém-retirado da cruz, que tanto marca o Cristianismo. Maria, entorpecida diante do acontecimento, abriga o filho morto no colo. Abraça-o com um veemente gesto de amor e deita-se ao longo dele. Envolve-o numa tentativa de trazê-lo junto a sua alma. Com paixão, puxa Jesus para si, como se ela, procriadora da vida, quisesse desafiar Deus por lhes ter imposto este sofrimento.
Antes de ter seu filho levado para a escuridão da sepultura, Maria acariciou o rosto de Jesus pela última vez. E então… me veio ao coração, como que por encanto, a imagem de um Michelangelo a extrair do bruto mármore, a sua pungente Pietá, ante certeiros golpes do cinzel. E hoje temos uma escultura atravessando cinco séculos, a comover milhões de pessoas em visitação à Basílica de Pedro, no Vaticano. E foi esta a mesma imagem que eu vi em Belo Horizonte: o gestual mágico de uma mãe apaixonada pelo filho, dialogando carícias de amor ante o corpo do filho. Embora 20 séculos os separasse, a essência, o espírito pungente da cena eram os mesmos.
“a vida é a infância da imortalidade“.
Que seu coração, Inês, possa neste momento, banhar-se na luz do Coração de Maria e permanecer confiante nas promessas de Jesus Cristo que nos falou tão carinhosamente;
“ Nunca vos deixarei órfãos”.
A amiga e , quem sabe, uma antiga companheira de todos vocês,

HildaMussa Tavares
(Diretora do Colégio Santos Dumont)

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