domingo, fevereiro 04, 2007

LEI DE ADORAÇÃO

LEI DE ADORAÇÃO

Pregação do domingo 04 de fevereiro de 2007

Flávio Mussa Tavares

"Em que consiste a adoração?

Na elevação do pensamento a Deus. Deste, pela adoração,

aproxima o homem a sua alma."

Livro dos Espíritos, questão 649

A Prece

O Senhor da Verdade e da Clemência

Concedeu-nos a fonte cristalina

Da prece, água do amor, pura e divina,

Que suaviza rigores da existência

Toda oração é a doce quinta-essência

Da esperança ditosa e peregrina,

Filha da crença que nos ilumina

Os mais tristes refolhos da consciência.

Feliz o coração que espera e ora,

Sabendo contemplar a eterna aurora

Do além, pela oração profunda e imensa.

Enquanto o mundo anseia estranho e aflito,

A prece alcança as Bênçãos do infinito,

Nos caminhos translúcidos da crença.

João de Deus, Parnaso de Além Túmulo, psic.F. C.Xavier

Meus irmãos antes de iniciar o estudo do tema da Oração é preciso que eu explique o por quê deste estudo. Estamos no ano do sesquicentenário da Codificação Kardequiana e do lançamento de O Livro dos Espíritos. Quando do seu centenário, em 1957, meu Pai, Clóvis Tavares, mandou erigir esta pedra que se encontra na frente de nossa Escola, que é um dólmen, um monumento celta, em homenagem ao druida Allan Kardec. Precisamos , nesta celebração dos 150 anos, se não temos condição de homenageá-lo como meu Pai o fez, com a pedra e com a publicação de belo artigo no jornal A Cidade, inserido no livro póstumo Sal da Terra, é possível que passemos este ano comentando os pensamentos de Clovis Tavares sobre o Livro dos Espíritos. E valemo-nos de um presente da filha de D. Leda Diniz Nogueira que nos ofereceu uma cópia das anotações de aula de sua saudosa Mãe, palestrante de nossa Escola Jesus Cristo e aluna constante das aulas de Clóvis.

É preciso confessar também que escutei de uma pessoa de outra denominação, certa vez que haveria em sua igreja uma semana de adoração. Quando ela me falou isso, despertou-me um certo incômodo, pois há uma capítulo das Leis Morais em O Livro dos Espíritos, chamado Lei de Adoração! E por que nós espíritas não somos adeptos da Adoração?

A resposta da questão 649 é clara, elevamo-nos a Deus e aproximamos nossa alma da Dele.

Elevamo-nos pela razão e aproximamo-nos pelo coração.

É preciso concentração de nosso pensamento para podermos orar a Deus. É preciso focalizar a nossa mente em um ponto único. Somos vítimas do déficit de atenção, hoje propalado abertamente como distúrbio que acomete tanto a crianças como jovens e até mesmo adultos. vivemos dispersos, desconectados de nossa fonte. Vivemos fazendo muitas coisas e não completando nenhuma. Corremos, num nervosismo, numa pressa, numa hiperatividade de nossos sentidos e de nossos pensamentos de tal forma avassaladora, que mal temos tempo para orar...

Para orar é preciso silêncio. Um obstinado silêncio, como nos disse Jean Guitton, biólogo e filósofo católico francês, preocupado com os rumos do artificialismo e do hedonismo do final do século XX, quando ele desencarnou.

Deus é o centro. Nós somos a periferia. Orar é não apenas elevar o pensamento, mas concentrar-se Nele. Nossos erros afastam-nos no centro gravitacional da vida, direcionando-nos para a periferia e aumentando a nossa angústia existencial, tornando-nos dispersos e despreocupados.

Concentrar nossa mente, é exercício constante que exige força, coragem e determinação.

A oração é a respiração do espírito e como tal consiste na inspiração, que é a assimilação de Deus adentro de nós e da expiração que é a desintoxicação de nossa alma do dióxido de carbono psíquico que nos envenena na degradação de nosso materialismo.

As preces, sejam de louvor, rogativa ou agradecimento, é preciso que sejam concentradas e humildes. Segundo Santo Agostinho, se nós pedimos coisas más (petimus mala) nós não somos atendidos. Coisas que nos degradam mais, que aumentam nosso egoísmo. O rico da parábola se angustiava com a sua falta de celeiros para guardar sua supersafra. A burguesia se angustia com a falta de espaço em casa, nos armários, pra guardar sapatos e roupas. Outras vezes onde investir o dinheiro. E queremos que Deus nos ajude a resolver a nossa angústia paganizada e egoística. Essas preces não são ouvidas.

Se pedimos de modo errôneo (petimus male) , isto é com gritaria, com erudição, com orgulho, com falsidade, também não somos justificados, como o Fariseu da Parábola.

Se pedimos e não corrigimos nossas atitudes de vida, isto é continuamos maus, invejosos, cobiçosos, maliciosos, duros de coração, impiedosos, ( petimus mali) não recebemos também a justificação, que é a resposta de Deus às nossas preces.

E sabemos, por intermédio de André Luiz, que os espíritos inferiores que nos rodeiam, nos espreitam, de modo insidioso e oportunista, esperando nosso momento de invigilância, atuam numa área específica de nosso cérebro que é a córtex cerebral. A córtex é a área que refreia o nosso comportamento repetitivo e incoerente, de modo que uma vez reprimido por ação de obsessores, somos vítimas das obsessões compulsivas, repetitivas, fazendo de nós autômatos de seres poderosos que passam a governar nosso sentimento.

Clóvis Tavares, ensinava aqui nesta Escola um método de nós nos livrarmos dessas obsessões simples. São simples, por que é essa a denominação de Allan Kardec no Livro dos Médiuns.São simples por que é possível que percebamos em nós os sinais. Desde a impaciência, a pressa, o nervosismo, a irritação, como nos lembra o espírito de Scheila, já estamos começando a nos tornarmos vítimas de outras mentes.

E a obsessão é simples, por que é fácil de começar. Jesus advertiu a Pedro que o espírito perverso estava querendo dominá-lo, mas só não o fazia por causa Dele, Jesus ao seu lado. E nós? Estamos orando para nos livrarmos das tentações? Vigiar e Orar, temos agido assim?

Mas esta obsessão simples é simples tanto para nos atingir, como para também sermos curados. É simples. Sentimos sua aproximação. E temos que ouvir os nossos próximos, os maridos escutar as críticas e conselhos de suas esposas e vice-versa. Também os namorados, os irmãos, os amigos, os colegas de escola e trabalho. Os próximos mais próximos nos avisam de que estamos irritadiços e impacientes.

E tão simples é a auto-desobsessão, que como diz o nome, podemos exercitá-la diariamente. Consiste na leitura à noite, em voz alta, de uma página aleatória de O Evangelho Segundo o Espiritismo e depois fazer a oração que Jesus nos ensinou O Pai Nosso. Fazer lentamente, concentradamente. Refletindo nas palavras que se diz. Respirando profundamente a cada frase dita. Inspirando o oxigênio e expirando o dióxido de carbono. Inspirando a palavra de Deus, e expirando o paganismo, o egoísmo, as vaidades, as nulidades da vida mundana. Repetir algumas frases como: Não nos deixe cair em tentação e livra-nos de todo o mal!

Não nos deixe cair em tentação e livra-nos de todo o mal!

Não nos deixe cair em tentação e livra-nos de todo o mal!

Não esquecermos também da oração coletiva que segundo Clóvis Tavares é uma força de vibração do grupo, é um pensamento congregado, como em Nosso Lar às 18 horas.

Segundo Gandhi, a oração deve ser a chave do dia e o ferrolho da noite. Somos cercados por uma nuvem de testemunhas segundo o apóstolo Paulo e nesse terreno espiritual infecto em que vivemos é essencial que busquemos a higiene, a assepsia do espírito.

Que Deus nos ampare, nos sustente, protegendo-nos das obsessões, e que nós, com fé, esperança e através da caridade, busquemos com sinceridade o Reino de Deus e Sua Justiça, para que sejamos ajudados por Ele.

2 comentários:

Anônimo disse...

Uma das melhores pregações que assisti nos ultimos tempos...
Bjim!

wederlando monteiro disse...

ola amigo, adorei muito seu artigo. pude notar que vc é um grande conhecedor espirita e de uma facilidade grandiosa com as palavras.
tambem tenho um blog aqui com artigos espiritas, gostaria que vc me honrasse com sua visita ok?
quem sabe podemos trocar ideias e informaçoes.
grande abraço fraterno.
o meu blog é:
www.linhasdeluz.blogspot.com