domingo, maio 06, 2007

ORFANDADE ESPIRITUAL


Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa.

Jo 19:26-27

Somos todos partes vivas da história deste mundo e Jesus Cristo, nosso Senhor e Mestre, viveu a Sua história pessoal em absoluta harmonia com os elementos cósmicos. É por isso que os relatos de Sua existência são valiosos em se tratando dos sermões, sejam doutrinários, proféticos ou parabólicos e também tratando-se dos elementos factuais da mesma. É assim que é importante anotar os fatos narrados de vida pública e privada do Mestre, pois ali estão simbolismos que podem nos ser úteis em alguns dilemas de nossa vida. Quantas situações conflitantes podem ser solucionadas se observarmos as decisões pessoais de Jesus. Quantas tomadas de decisão podem ser assumidas por nós se nos detivermos em certos detalhes da vida do Cristo, quando foi ele vitima da calúnia e da crueldade, nascida da intolerância religiosa.

Jesus disse que não viera ao mundo trazer a paz , mas a espada (Mt 10:34), reconhecendo de antemão que muitos aspectos de seus ensinos e da própria vida seriam palco de celeuma religiosa.

Quero deter-me no momento culminante de vida de Jesus, quando já aprisionado à cruz, divisou a Sua Mãe. Observou que estava Ela acompanhada de João. Designou então que Ela o adotasse por filho e que este a protegesse em sua nova fase, de mulher viúva que perdera seu único filho. Aos que duvidam de que Maria tinha como filho apenas Jesus, que respondam o por que dessa determinação de seu filho, como se fosse um último pedido.

Como poderia uma mulher judia, viúva, abandonar seus filhos e sair a viver com um jovem em outra cidade?

Como entender essa situação, se não reconhecendo que estava Maria na mesma situação da viúva de Naim, de quem Jesus se apiedou um dia.

São fatos da vida de Jesus que devem ser anotados e entendidos como instrução doutrinária. Jesus havia curado o servo do centurião à distância e dirigia-se à cidade de Naim. À entrada viu o cortejo fúnebre de um jovem que era filho único de uma viúva. Diz o texto de Lucas, capítulo 7, versos 11 e seguintes: "movendo-se de íntima compaixão, disse à viúva: Mulher, não chores!" Dirigiu-se ao moço, chamou-o, ordenando-o que se levantasse e entregou-o à mãe. O que é mover-se de íntima compaixão? É uma alta freqüência de simpatia, de empatia, de sofrer junto, de tomar para si a dor do outro.

Pois a mesma compaixão que sentiu Jesus da viúva de Naim, sentou algum tempo depois, já atado ao madeiro do martírio infame, de Sua própria Mãe. Não podendo oferecer-se a si mesmo como o protetor daquela viúva, escolheu o seu discípulo mais novo. E escolheu a João por que estava com Maria ao pé da cruz ou por que precisava de um filho para Sua Mãe? Assim como para a mãe triste da cidade de Naim, devolveu Ele um filho, para Sua Mãe precisava oferecer um adolescente, que sentisse em si mesmo a necessidade de proteção materna. E ofereceu também um novo filho, como prevenção da melancolia da fase idosa de Sua Mãe. Um filho, um filho escolhido entre aqueles com quem convivera por três anos.

O apóstolo Pedro também não entendeu o motivo de Jesus haver dito na última ceia que precisaria da João na Terra por muito mais tempo e pergunta a Jesus: " Senhor, e este? Que será dele?" (Jo 21:21) Jesus queria, como disse a Pedro que João vivesse até o Seu retorno, que permanecesse, que cuidasse de Maria até o fim, que fosse o médium da revelação apocalíptica e disse então a Pedro que isso não lhe dizia respeito.

Jesus escolheu a João, o mais novo, para ser não apenas o protetor de Maria, mas também para ser seu tutelado espiritual.

Concedeu assim, representando a humanidade em João, seu amado filho, uma Mãe espiritual para todos.


Mãe, eis os Teus filhos! Filhos, eis aí a vossa Mãe!


Esta é a conseqüência conceitual da ordem crística no momento da Sua morte.

È essencial que aceitemos de Jesus o convite para sermos Seus irmãos, pela maternidade espiritual de Maria.

Maria, Mãe de todos os sofredores, que de Éfeso converteu-se na maior discípula de Seu filho, confortando os corações oprimidos com o perfume do Amor infinito da rosa mística de Nazaré.

É por isso que neste Dia das Mães, quero oferecer à minha Mãe, à minha esposa, às minhas filhas, à minha irmã, à minha nora e à minha neta um delicado ósculo espiritual, recordando a presença luminosa deste anjo cósmico que é Maria, Mãe amorosa de todos nós.

E quero declarar também que não quero ser órfão de Mãe no Céu!

Mãzinha do Céu, eu a almejo como minha Mãe espiritual, ofertada por Jesus no momento derradeiro de Sua passagem salvadora por este mundo, na pessoa de João, à toda a nossa humanidade.

Quero fazer parte da parcela da humanidade que aceita a oferta de Jesus e, humildemente, peço à Senhora, Mãe excelsa, que vele por nós pobres pecadores, agora e na nossa hora extrema, assim como velaste até o fim, por Teu filho, Nosso Senhor e Nosso Mestre.

Assim Seja.

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