quinta-feira, dezembro 04, 2008

QUEM É O JORNALISTA SAULO GOMES?


Saulo Gomes (esquerda) e Renato Galvão

04 Abril 2008

Entrevista com Saulo Gomes
Saulo Gomes é referência no mundo do jornalismo, principalmente para jornalistas que apreciam a arte da investigação, devido sua vasta experiência em crimes que chocaram o país, ajudando a justiça para solucionar estes casos.


Renato Galvão – Quando, onde o senhor nasceu e como foi sua infância e adolescência?


Saulo Gomes – Nasci em 02 de maio de 1.928, no Rio de Janeiro. Fui criado pela minha avó, tive uma infância e adolescência pobre e sofrida.Renato Galvão – O que era o seu trabalho com a pirafogia?Saulo Gomes – Quando jovem, trabalhei em circo e parque de diversões onde a atração mais aguardada, e que causava muita sensação, era a que eu "engolia fogo".


Renato Galvão – Tudo começou na Rádio Continental, como chegou até ela e como foi a passagem para a TV Tupi?


Saulo Gomes – Em dezembro de 1.955 disputei, com quase duzentos jovens, uma vaga para repórter na mais famosa equipe de rádio jornalismo do Brasil: "Comandos Continental". Em 1.966 vim para São Paulo trabalhar na TV Tupi onde obtive muito sucesso desempenhando meu trabalho de jornalista investigativo.Renato Galvão – O senhor foi uma espécie de repórter político, credenciado pela Câmara Federal?Saulo Gomes – Sim. Fui repórter político de 1956 a 1960 (até a mudança da capital para Brasília) e sempre cumpri minha missão com responsabilidade e imparcialidade.


Renato Galvão – Chegou a ser exilado, quando e para onde?

Saulo Gomes – Fui exilado, em 1964, para o Uruguai.


Renato Galvão – Sempre gostou do jornalismo investigativo?


Saulo Gomes – Sim, o jornalismo investigativo sempre me atraiu.


Renato Galvão – Como foi desvendar todo o enredo do crime da Fera da Penha? Este caso fez com que o seu reconhecimento para todo o Brasil chegasse?


Saulo Gomes – Essa reportagem foi, sem dúvida, uma das mais importantes de minha vida profissional. O reconhecimento do meu trabalho não foi exclusivamente por esse caso, foi conquistado ao longo de toda minha carreira de 52 anos, do meu trabalho feito com responsabilidade.


Renato Galvão – Quais crimes ajudou a justiça a desvendar no país?


Saulo Gomes – Alguns na década de 50, como o caso Aída Curi; na década de 60, o caso Fera da Penha; em 1.967, o Bandido da Luz Vermelha; em 1.999, o Maníaco do Parque; e muitos outros.


Renato Galvão – Algum criminoso lhe chamou a atenção pela frieza ou até pelo fingimento?


Saulo Gomes – Sim. Os principais: o Bandido da Luz Vermelha e o Maníaco do Parque.


Renato Galvão – Qual tua ligação com a história de Chico Xavier, e porque o filho dele move dois processos contra o senhor?


Saulo Gomes – Tive o privilégio de trazer o médium Chico Xavier para a TV Tupi, em maio de 1968. A partir daí acompanhei suas atividades, sempre muito de perto. Esse processo surgiu das denúncias que fiz, em vários programas de rádio e TV, dos maus tratos que Chico sofria nas mãos dele.


Renato Galvão – Fora esses dois processos, foi absolvido de 104. Qual a razão deste sucesso?


Saulo Gomes – Nunca distorci um fato e sempre apresentei provas de tudo o que falei.


Renato Galvão – Como foi a passagem pela TV Record no fim dos anos 90, liderando audiência no Ratinho e Leão Livre?


Saulo Gomes – Foi muito gratificante para minha carreira. Aprendi muito com Ratinho, com Gilberto Barros e com outros profissionais com que trabalhei.


Renato Galvão – Quantos livros lançou, quais são eles, e atualmente participa de alguma academia de letras?


Saulo Gomes – Em 1.996 lancei "O último vôo", onde denuncio os elementos técnicos e humanos que contribuíram para o acidente dos Mamonas Assassinas. Está esgotado, brevemente estarei lançando uma edição atualizada. Em 2.002 lancei "Quem matou Che Guevara" no Brasil, em 2.004 na Itália. Atualmente foi lançada a 9ª edição em formato "poket". Atualmente ocupo a cadeira 28 da Academia Ribeirãopretana de Letras.


Renato Galvão – Como está a vida do senhor hoje?


Saulo Gomes – Hoje eu me dedico a recuperar meu arquivo de 52 anos de profissão e estou passando minhas reportagens mais marcantes para livros e DVDs. Já lancei o DVD duplo, "Pinga-Fogo", com Chico Xavier.


Renato Galvão – Queria lhe agradecer e que deixasse uma mensagem para os jornalistas que pretendem seguir na área investigativa, alguma dica e os riscos que há na profissão.


Saulo Gomes - Não há uma dica. O importante é gostar do que faz. Imparcialidade, honestidade, independência, responsabilidade e, muitas vezes, coragem, são fatores primordiais para que um jornalista investigativo chegue a bom êxito. O jornalista que não souber trabalhar em cima desta cartilha, pior que o risco de vida, poderá ter seu nome comprometido para sempre.

Nenhum comentário: